Compare Produtos, Lojas e Preços
'

É escusado sonhar que se bebe; quando a sede aperta, é preciso acordar para beber.

Sigmund Freud

Contratransferência









Coube a Freud o mérito de ter sido o primeiro
a identificar e a descrever o fenómeno da contratransferência.
Dos seus comentários sobre este
assunto, procederam correntes divergentes que
caracterizaram o pensamento e a teorização subsequentes.
A sua sistematização, efectuada por Kernberg
(1985), Jacobs (1999), e por nós corroborada,
comporta duas abordagens.
A clássica, que tem como base a tese central
de Freud – que remete para a noção de que a
contratransferência actua como um impedimento
à compreensão (uma forma de resistência inconsciente
do analista, um obstáculo – a ser removido)
e bloqueia o progresso (e a credibilidade
da psicanálise enquanto disciplina científica).
Como expoentes principais desta abordagem
evidenciam-se autores como: Reich, Glover,
Fliess e, com algumas reservas, Gitelson.
E a perspectiva oposta, que advoga o seu uso
técnico como instrumento de compreensão do inconsciente
do paciente, indispensável no tratamento
analítico. Aqui encara-se a contratransferência
como um fenómeno «total», uma reacção
emocional total do psicanalista para o paciente,
durante a situação terapêutica. Ilustram-se como
autores principais: Cohen, Fromm-Reichmann,
Heimann, Racker, Weigert, Winnicott e, em parte,
Thompson. Enquanto Little, ao defini-la, se
aproximou da abordagem clássica, o uso que esta
autora deu à contratransferência, acercou-se mais
da ala «radical» da segunda abordagem supra referida.
Menninger e Orr ocupam uma posição
intermédia.
Distintamente, Louise de Urtubey (1994, cit.
in Duparc, 2001) propõe uma organização teórica
que discrimina quatro grupos principais de
teorias.
O primeiro corresponde às teorias clássicas –
a contratransferência é vista com incredulidade e
considerada como um resíduo não analisado do
analista, que deve ser controlado através da neutralidade
e do silêncio. Aqui englobam-se autores
como: Glover, Numberg, Ida Macalpine, Annie
Reich, Robert Fliess, Greenson, Schafer e
Sandler.
O segundo, no qual a contratransferência é
vista como a totalidade das emoções e sentimentos
que o paciente faz surgir no analista. Estas
permitem-lhe compreender o paciente. Os seus
protagonistas, para além de Ferenczi, são maioritariamente
autores britânicos, tais como: Strachey,
Balints, Winnicott, Bion, Searles e, em particular,
Grinberg (um extremista desta posição).

Nenhum comentário:

Anúncio provido pelo BuscaPé